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Nuance

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vida pulsante
vida que vibra
em cada traço
do semblante
em cada nuance
em cada gesto
o riso do ser grato
que elege
valer a pena
cada cena
cada segundo
neste mundo
vida que contagia
quem diria
o cético descrente
vida que dá vida
à pobre vida da gente

(em 18/07/2014)

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Sabes amiga? Este tempo que passa por mim, ao de leve, em sensações serenas, é aquela dádiva de Deus, que estava adormecida em mim. Não quero saber muito do futuro, quero ter sustentabilidade no presente, entrar em casa e saber preservar o meu lar, torná-lo confortável, amigo de um corpo e de uma alma que carrega mazelas de um passado que urge desabitá-lo.

Por vezes pode acontecer eu questionar se sou feliz… mas que poderei pensar eu? A felicidade está em cada momento que nos entregamos às pessoas de alma aberta, é o sentir que somos bem-vindos, é a entreajuda, é amar sem querer nada em troca.

Página 180
brevemente

Me Morte do ††† Vale das Sombras†††

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Me Morte nasceu quase junto ao Vale. Na verdade sempre gostei do goticismo. É uma atração inexplicável! O modo de vida, os pensamentos, atitudes, a maneira com que encaram a vida. Mas nunca aceitei o lado rotulado do estilo: “que gótico só pode usar preto”, “que nunca sorri”, a ligação com satanismo e outros rótulos.O que eu via nos jovens era uma necessidade de chocar os mais velhos, seguindo um caminho muitas vezes sem volta. Dizia-se gótico se já tivesse falado ou se ligado à morte ou suicídio. Foi dessa revolta que surgiu a idéia do Vale das Sombras. Um cantinho para se falar de literatura e goticismo. Fazer a ponte entre os dois. Versar sobre a morte sem precisar morrer. Levar as pessoas a uma melhor convivência com essa palavra que assusta tanto. E, finalmente, tirar esse rótulo de que para ser gótico precisa necessariamente ser depressivo e em algum momento da vida ter tido alguma experiência com a morte.
No dia 23 de fevereiro de 2006 nascia o Vale das Sombras e a partir daí foram muitos concursos de poemas sombrios. No começo tímidos, cheios de erros e tentando se enfiar de cabeça no tema, que era apaixonante. Depois, mais ousados, chegando mesmo a conta de 50 ou mais poemas por concurso. Depois, periódicos, os concursos se tornaram vitais para o movimento.
O Vale lançou cinco e-books que estão no Recanto das Letras para quem gosta do estilo poder baixar.
“Somos um bando de jovens, de corpo ou de espírito, que acredita que estilo gótico é arte e não precisa necessariamente ser rotulado de louco ou depressivo.”
O E-book do Vale nasceu da idéia de registrar essa história e dele fizeram parte escritores a pessoas envolvidas com artes em geral. Entre eles a Banda Anarquia89, o escritor Giovani Iemini do Bar do Escritor, Carlos Cruz, nosso xerife querido, os ilustradores LUCASI e Rafael Pereira, que nos brindaram com capas maravilhosas e muitas outras feras. A idealização e coordenação editorial foi de Me Morte/MPadilha, projeto gráfico e editoração de René Ociné e colaboração de muita gente de talento!

O Projeto do Vale morreu com o Orkut, porém a mensagem que tentou passar ficou na cabeça e coração de muita gente que até hoje reclama a falta dos concursos. Eles voltarão, com certeza, mas com outra roupagem, porque o Vale das Sombras é único e jaz com suas almas atormentadas pelas galerias que restaram naquela rede social.

Mas, escrevi tudo isso para anunciar que a cria e herdeira dessa bagunça toda, o personagem Me Morte, que se tornou naquela época heroína dos quadrinhos através do ilustrador LUCASI e entrou para a ”Turma dos Radicais” com história e tudo, agora, em 2014, finalmente entrará para o catálogo dos heróis brasileiros, fazendo parte de 600 personagens de grandes ilustradores talentosos! Eu estou feliz como se um filho tivesse se formando e eu participando da formatura, corujona, chorona e muito feliz!

Por isso hoje agradeço a todos que me ajudaram nessa conquista, ou seja, todos que fizeram parte de minha grande história aqui na Internet: “O Vale das Sombras”. De coração, valeus!



MPadilha/Me Morte

Obs.: quando estiver pronto mando o link do catálogo para todos apreciarem, por enquanto, recordem aquela fase maravilhosa baixando os e-books do vale aqui:

Convidado Miguel Gomes

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Capítulo 1 - De Criança a Homem, numa chamada.

Era manhã de sábado.  Eu tinha aquela sensação boa de ser um dos 2 curtíssimos dias de fim-de-semana. Aquela sensação de descanso, de não fazer nada. Era o dia de ficar em casa, de pijama, a olhar para a televisão enquanto comia bolo de mármore, fofinho, fatia a fatia. Este era o típico e o melhor dos cenários.
Porém, nem tudo é como nós desejamos... Recebi uma chamada...
- "Tou" ?
E, de repente,  a manhã de sábado de suposto descanso tornara-se uma manhã pálida, com a televisão desligada, com o bolo de mármore escondido e só. Apenas eu, a mesa, o jornal, o telefone e uma inútil esperança de arranjar emprego. Como haveria eu de me sustentar? Eu que vivia sozinho, no meu apartamento T1, com uma cama barata e uma televisão com os canais nacionais apenas. Não iria de certo pedir dinheiro aos pais, aos amigos, nem pedir esmola na rua. Não, não queria chegar a esse ponto. Ao ponto de ser gozado e a minha reputação de garanhão iria por água a baixo.
Eram já 4 horas da tarde e já havia tentado dezenas se não centenas de oportunidades de emprego. Mas nada resultava. "Pedimos desculpa, mas se não tem o 10º ano, não poderá entrar para a nossa empresa".
E o tempo passava... Mas porquê esta estúpida ideia de sair da escola no fim do 9º ano? Porquê? Achava eu que ia ficar a trabalhar naquela treta de arrumador de caixas dos supermercados, ou lá como se chamava. Eu, como só trabalhava para sustentar a minha vida de solteiro, nem queria saber o que eu fazia, desde que o cheque com os números do salário mínimo estivesse nas minhas mãos ao fim do mês.
Enfim, era Domingo e agora tudo parecia importante. Eu, que nunca me importara se a porta estava quase a cair ou se as escadas de madeira antiquíssimas deveriam ser substituidas, estava agora importado com tudo. Importava-me com a canalização, as contas da água e da eletricidade. Estava com medo de as receber, mas principalmente de as pagar. Certamente que nem as do mês em que estava poderia pagar, porque todo o dinheiro que ganhava era dividido em noitadas, bebidas, até prostitutas e, eventualmente drogas, porque não era uma pessoa que se viciasse facilmente. Fumava o meu cigarrito 4 vezes ao dia, mandava pela varanda a baixo e divirta-me a vê-lo acertar na cabeça das pessoas que passeavam na rua, e depois fugir como se fosse uma criança.
As semanas passavam, e eu estava agora decidido a mudar. Talvez o despedimento tivesse sido um mal que veio por bem. Treinava agora malabarismos para ganhar uns trocos na rua. Quem sabe, se nos instantes encarnados dos semáforos não ganharia eu algo para comprar comida água e para entregar a roupa à lavandaria. Eu não queria que os meus pais soubessem, fingia estar tudo bem.  Nem lhes pedia um bocado de comida que fosse. Nem um resto de um almoço em família que se fazia de 15 em 15 dias, aos domingos. Domingos esses em que eu deixei de fingir não fumar, deixei de fingir ter um trabalho estável e uma vida igualmente estável, repleta de amigos e de quem me queria bem.Deixava de ser quem era. Porque agora eu tentava algo novo. Além de malabarismos, tentava ser um "Homem".
Foi então, num daqueles dias monótonos de malabarismos para cá, malabarismos para lá, que um homem me interrogou:
- Porque fazes isto? Porque começaste e continuas a fazer isto?


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Miguel Gomes

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Administrando ansiedades

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Sabadão modorrento, poucas coisas na agenda, ainda sem tomar o goró sagrado do fim de semana. O que explicaria isso? As demandas necessárias para empreender, mais uma vez, uma viagem ao Velho Mundo, onde tentaremos novamente levar um pouquinho de nossas letras. 

Tendo como companhia  o comparsa barnasiano Wilson R., vamos lá meter as caras na maior have literária do planeta, o quintal dos alemães (já que vieram aqui e levantaram uma taça, porque não podemos fazer o mesmo por lá?). De quebra, apresentar para meio mundo o barato que é esse povo doido do Bar do Escritor. 

Tentaremos mandar notícias e escrever algo sobre o que rola por aquelas bandas.  


É isso, se não estivermos em algum boteco...



Fiquemnapaz, cambada.

Eleições 2014 sob a ótica de um eleitor-leitor que leu o pequeno texto do Bertoldo ou o naufrágio do sufrágio

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01) Dilma Roussef - candidata da situação à reeleição cujo partido, antes de se tornar situação, era a melhor opção pra quem desejava uma aurora menos cinza. sempre com cara amarrada, parece pronta a cravar as unhas no pescoço de algum desavisado. passaram-se os anos e ninguém que tenha vivido o antes e o depois pode negar que a coisa melhorou um gole. hoje o povo brasileiro menos favorecido pode ser entregar a luxos dantes impensáveis, como comprar um fardo de cerveja importada. mas o partido, no afã desesperado de se perpetuar no poder, se perdeu e descambou na mesmice pantanosa daqueles mesmos partidos que tanto criticaram no passado. o fim justifica os meios, por mais pestilentos e nauseabundos. lamentável, especialmente para mim que, sendo um eterno lago de paciência, naqueles idos de 1989, por pouco não me engalfinhei com um boçal na defesa do meu ideal representado por aquele ogro barbudo de fala cavernosa e língua presa.
02) Aécio Neves - primo siamês do ex-presidente fernando collor. cara de playboy criado a leite semidesnatado com pera, mamão papaia e sucrilhos kellogs. o fofucho cresceu e, na adolescência, passou a frequentar o iate clube aos domingos, para relaxar e se curar dos excessos das baladas de sábado à noite, regadas à jack daniels com red bull, drogas diversas, muito sertanejo universitário e a mulherada doida pra passear na carroceria da camioneta presenteada pelo papai, aquele mesmo que, de quando em quando, vinha resgatar o filhinho na delegacia. puto, chegava dando esporro: "porra! vocês estão de sacanagem? prender meu filho só porque ele bebeu algumas garrafas de uísque, capotou com o carro e morreram 3 pessoas? foi só um acidente, caralho! eu pago a porra toda! vamos embora, filho, esse pessoal parece que nunca foi jovem. papai dá outro carro, novinho e mais possante, tá?"
03) Marina Silva - chata pra caralho. cara de anfíbio, voz esganiçada, discurso confuso. estivéssemos nos 70 e ela fosse candidata a integrante dos novos baianos, votava nela sem titubear, desde que não cantasse, só compusesse. vejo uma trilha errática em meio à selva difusa nebulosa que vai descambar na sociedade alternativa sonhática. ou não. caso perca a eleição, fecha fácil uma parceria com o rapper criolo.
04) Luciana Genro - sem marina, ganharia o troféu 'mais chata da eleição' sem maior esforço. estuda ciência política na UFRS desde os 05 anos de idade; em casa, papai toma as lições. fez pós-graduação em retórica, mestrado em oratória, doutorado em dialética. poderia ganhar a eleição mas um grave deslize do passado, mancha indelével na sua bela história de vida, torna-a persona non elegível: ela tirou uma foto em cuba, de boina vermelha, com a estátua de che guevara ao fundo. perdeu, maluca.
05) Levy Fidelix - mineiro de Mutum, baixinho, gordinho, bigodudo e macho até a raiz do cabelo que sobrou atrás do cocuruto. se eleito, promete dar um gás, com o apoio do candidato Eymael, na combalida TFP e restabelecer o poder da tradicional família brasileira. seu lema: “a moral acima de tudo”. criará centros de pesquisa e reabilitação hermeticamente fechados para casais LGBT, onde especialistas altamente gabaritados tentarão provar por meio de experiências científicas que aparelho excretor não faz filho e que todo homossexual é útil na forma de adubo.
06) Pastor Everaldo - promete instituir o bolsa-danoninho e o vale-grapete. não sabe o que é previdência social mas sabe tudo de dízimo e gosta muito de púlpito. se pressionado, peida.
07) Eduardo Jorge - sempre que o vejo, penso em Trindade, Paraty. penso em praia, ondas, ondas quebrando na praia, onda, muita onda, viagem à lua, lua cheia, luau, estrelas brilhantes, hippies, dreadlocks, fogueira, alguém toca um violão, dança, roda, tudo roda. areia fofa. fogo colorido no céu. o mundo é lindo. A natureza é nossa amiga. a vida é boa demais.
08) Eymael – não convocado ao debate. menos de 1% das intenções de voto segundo os principais institutos de pesquisa. sabe-se tão só da parceria com o candidato Levy Fidelix no projeto Câmara do Amor Livre, destinado à reabilitação de homossexuais com vistas à reinserção na tradicional família cristã brasileira. 
09) Zé Maria – não convocado ao debate midiático. menos de 1% das intenções de voto. inexpressivo. peru de festa. sem nenhuma chance. acha que ficou bem na foto do site do TSE. só isso. mais nada. acabou. 
10) Mauro Iasi – vide Zé Maria.
11) Rui Costa Pimenta – vide Mauro Iasi.  


Face às facetas, provavelmente, uma vez mais irei no bom e velho voto-cacareco: zé maria presidente.

POEMANIFESTO – SE POESIA NÃO VENDE

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Se poesia não vende,
compremos então um naco do coração do poeta,
enegrecido pela fumaça do cigarro e embrulhado em papel de pão

Compremos um ou dois de seus maiores cílios,
pontiagudos e piscantes – para servirem de enfeites de abajur -,
um saco de suas unhas roídas
e alguns chumaços de seus cabelos revoltos

Se poesia não vende, adquiramos três quartos
de músculo dos braços dos poetas, fatigados, do cotovelo ao punho,
da escrita, fenecente e morta, corcunda sobre a máquina

Em prestações, financiemos seus rins
ou um ou outro fígado de bons poetas menos alcoólicos

Com um ou dois anos de consórcio,
você poderá adquirir, novinho, um poeta,
desses recitantes, das novas tendências,
mais contemplativos que românticos

Aderindo a algum novo plano de saúde,
poderá adquirir as amostras de sangue,
chapas de pulmão e até mesmo um eletrocardiograma recente
dos batimentos cardíacos do escriba

Raridade seria um encefalograma que demonstrasse,
em gráficos, as tendências modernistas de seus versos livres
e como Rimbaud e Baudelaire fizeram sua cabeça

Se poesia não vende, adquira ao menos um pôster nu do poeta
e o afixe na porta de seu banheiro – muitos deles, os poetas, são bem gostosos!

Faça uma gincana de poetas ou mesmo os apedreje,
amarre-os em praça pública com coleiras de couro
ou os enjaule em grades de roliços ferros fundidos

Os que não forem adotados na exposição, enviem para amigos e parentes distantes
-“não queremos cuidar de poetas nesta casa”- disse a mulher, tia que mora em Maceió, ao receber, de surpresa, o recém-chegado poeta devidamente remetido a ela
pela família do Sudeste

Se poesia não vende, contrate um poeta para sua festa de debutante,
depois de alguns goles a emoção toma conta
e os convidados gostarão da leitura completa
dos picantes poemas de Hilda Hilst

Se poesia não vende,
então não negue nunca um trago, um tapa,
nem tempestade ou maremoto,
um riso ou um resto, um cuidado
ao atravessar a rua ou um afago
na nuca
do poeta

E se lhes der uma pouca,
qualquer que seja, atenção
eles, de olhos vibrantes
fantasmagoricamente voltarão,
com ideias na cabeça,
quase como delirantes
cineastas do Cinema Novo
e lhe ofertarão, segurando com todo o cuidado
- como se fossem afiadas navalhas cortantes
ou mesmo o pequeno corpo morto de um recém nascido -
pilhas de seus poemas, rabiscados,
nas mãos

PUTRICINHAS - La virtu della Santa Famiglia

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Assumi meu vício
Não meu emprego
Nunca vou confessar
Era viciado em fuder
Sexo traduzido em relacionamentos
Córneos trocados com gostosas mimadas
Sentimentos confusos pós-luxúria
Intensidade e lubricidade constantes
Paudurescencia com perfume de bucescencias diárias
Éramos mutuamente doentes
Eu era o cara
Resolvi mudar
Revi valores e reinventei
Relacionamentos sadios a base de mulheres do bem
La virtu della Santa Famiglia
Transar pouco por menos dor de cabeça
Maximus error vitae
Sei por causa de cagada monstra
Mulher doce do bem de família faz também
Premeditadamente
Sem culpa ou arrependimento
Com intenção de ferir
Essa era pra casar
Só com muito tiro testa
Não fosse isso
Requintes de crueldades
Viveria o resto da vida fingindo ser o que não sou
Depois de muitos anos de estrada
À convicção
Não as concessões
Valem mais as viciada em sexo e seus problemas que as fadadas boas moças
As que vêm em função trepar de todas as formas são as melhores
Sem frescurinhas
Mas não
Erroneamente engoli essa baboseira moral sobre a invenção do certo
O conceito familiar
Erros no pensar a vida têm ponto de partida em falsas explicações
Analises errôneas são impostas
Ideias correntes
Recorrentes éticas de religião e civilidade
Inventaram uma falsa consideração humana
Vivemos essa farsa de sofrimento e culpa
Aprisionados por conceitos religiosos
Pros que acreditam nessas babaquices eu digo na lata
Ofensivo é a Bíblia
A Bíblia é o injurioso livro
Infiéis sendo assassinados
Trabalhadores aos sábados sendo apedrejados
La Sacra Bibbia vende filhas como escravas
La Sacra Bibbia tem ficha criminal
La Sacra Bibbia faz de bucha os profissionais do artifício de matar
Posso incitar genocídios bíblicos

Em Deuteronômio 13

“Se você souber de uma cidade onde se louva a outro Deus, você deve matar cada um naquela cidade: homens, mulheres, bebês e até os animais. depois queimar tudo.”

Essa doutrina não me representa
Religião é a arma nas mãos dos opressores
Fodam-se as boazinhas fiéis do senhor
Fode-se a porra toda
Só respeito às infiéis que trepam muito
Não aceito as que não fodem
Essas merecem a morte
Tem a puta e a filha da puta
Eu gosto da puta
A puta chupa pau até o talo
A filha da puta não
Passei os últimos anos fodendo pouco e mal com a filha da puta da minha mulher
A onda dela era se fazer de boa moça pra me apunhalar de olhos abertos
Gostava de me tirar de otário
O máximo da merda humana
Ser negado por minha mulher era a rotina do casamento
Porra nenhuma!
Ser negado sexualmente por mulher não é normal
Eu tenho passado e memória
Antes dela passei minha vida trocando sexo com as putricinhas
Barganhávamos muitos chifres
Mas não deixávamos de trepar
Nossas infidelidades não esfregavam casinhos na cara um do outro
Não havia intenção de ferir
Tínhamos tesão pra dar e vender
Não existia ódio
Escapulidas eram reflexos de sexualidades compulsivas
Não falta de paixão
Foi mulher do bem e de família e que não dava que trouxe um cara pro quintal de casa
Em flagrante disse eu merecer, rindo.
Daquelas que vivem vendo novela e JN e baseiam suas vidas nos dogmas reproduzidos por esses meios
Num fode
Essa não fodia e também traia
Mulher de família
Sei...
Deixo pra vocês
Essas recalcadas, infelizes e frustradas são capazes das piores maldades.
Leblonetes passeando com seus xitsus de laços de fita não falam ao pau
Mulher fresquinha que chupa pau com nojinho não dá
Nascemos todos de uma foda e vivemos pra fuder
Se não for é a morte em vida
Deixemos as boas moças na igreja
Fiquemos com as trepadeiras
O mundo gira
A lua se põe e o sol nasce
Marés sobem e descem
Foi aí que o destino misturou minha profissão e meu pessoal
Recebi um telefonema de uma cliente
Ela queria uma faxina completa
Barba, cabelo e bigode.
Precisava dos meus serviços
Seu marido estava comendo outra
A amante deveria ser exterminada
Não sem antes eu receber o extra por meus serviços
Não estou falando do dinheiro
Só recebo depois do desaparecimento da vitima
Ganho muito bem
Mas quando a contratante é gostosa eu cobro um adicional
Quem já me contratou sabe
Pra ter o melhor precisamos dar o melhor
La fui eu despejar meu leite na cliente
Mulheres traídas são demais
Dei o trato merecido
Depois da alcova ela mostrou-me a vitima
Sensacional
Sim, minha mulher era a amante do seu marido.
Alucinante
A vida é imprevisível
Ela perguntou se eu teria problema em fazer o trabalho
Respondi que não daria desconto por causa disso
Sai rindo e feliz
Fui de encontro à execução
Toquei o interfone e falei:

- Eu vou te matar

Ela abriu a porta
Deve ter pensado que era frase de macho ferido
De homem traído
Querendo ver minha derrota
Tadinha
Entrei no apartamento e dei-lhe um soco na cara
Ela caiu desmaiada
Botei-a em meu colo e quebrei seu pescoço
Abri minha maleta
Adoro minha machadinha
Faz picadinho
Depois de esquartejar o corpinho que eu não gozava, fui mijar.
Dentro daquele banheiro limpinho lavei minhas mãos
Sem coração
Matar minha mulher foi uma dádiva
O mal da santinha foi achar que todo mundo era otário
Falar dos outros é fácil
Quero ver ser diferente
Mas a vida pune
A natureza marca
E a lei do eterno retorno é infalível
Eu ganhei dinheiro pra fazer e faria de graça
Estou de alma lavada
Sigo o meu caminho
Morte as filhas da puta
Vida longa as vadias mimadas
Sorte as compulsivas por esculachos
Só as viciadas em sexo merecem viver
A mulher escolhe como vai ser reverenciada
Ela pode ser a trepada
Ou ser lembrada porque fazia um feijão gostoso
Um brownie maneiro
Passava aspirador em casa
Lavava uma louça
Fazia a cama
Essas merdas
Meu desprezo aos restos
Meu mantra agora é outro
Quem reclama muito e não fode se fode
Mulheres que não fodem merecem a machadinha
Abram os olhos
A maletinha da faxina pode estar em sua porta


Pablo Treuffar
Licença Creative Commons
Based on a work at www.pablotreuffar.com
A VERDADE É QUE EU MINTO

A VERDADE É QUE EU MINTO

Convidado Flávio Sanso

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O homem é bicho de não ser só

Havia no sertão um lugar desabitado. Tão ermo, enfadonho e desolado, que por lá ainda se esperava a chegada de Cabral. Fazia silêncio absoluto, a ponto de primeiro amedrontar e depois enlouquecer até quem tenha predileção pelo sossego. Pois assim parecia que o tempo não passava, ou nem sequer existia. E só se notava que ele existia e passava, por causa da escuridão da noite que rendia o claro do dia. E vice-versa. Na falta de alguém que mandasse, quem reinava mesmo era o sol, que no alto da sua autoridade esturricava tudo, fazia o chão arder e não é qualquer nuvem que ele deixava passear sobre a paisagem. Não tinha culpa. Afinal, se nasceu quente, dourado e explosivo, não se queira que ele pudesse refrescar.

Mas o homem é bicho teimoso.

Seja em solo árido ou pedregoso, sempre há de aparecer pessoa com ânimo de fazer morada, que nem mato, capim e maria-sem-vergonha, que se dão a brotar em qualquer canto. E do nada surgiu uma dupla, que parecia há muito tempo errante. Por falta de olhos que os cercassem, ninguém os viu chegar, a não ser que os calangos possam ter a qualidade de testemunha. Na falta de melhor nomenclatura, convém que Alto e Baixo lhe caibam como alcunha.

Arquitetaram choupana sem teto, de modo a enxergar o céu escuro antes de dormir. Tentavam plantar de tudo, mas só comiam o pouco que a terra se dispusesse a produzir. E não era raro que faltasse alimento. Quando era assim, não sobrava história que calango pudesse contar. Tudo era questão de se adaptar, e da adaptação chegou-se à rotina, que evoluiu para a afeição ao lugar. Se trabalho é ocupação, o Alto e o Baixo trabalhavam até o cansaço dar aviso de chegada, e era menos pela sobrevivência que precisavam manter, e mais para afastar o tédio. Alto e Baixo levavam uma vida de viver só por viver, o que para eles não deixava de ser o melhor sentido que a vida deveria ter.

Diferente das nuvens, o vento, sempre ligeiro e expansivo, circulava livremente sem que fosse incomodado, e isso em decorrência da artimanha de se aproveitar da sua falta de aparência. E num dia em que estava especialmente disposto, levou para lá um objeto diferente que planava suavemente, dançando ao sabor de redemoinhos. O Baixo estranhou a visita, e, com um pulo certeiro, apanhou a coisa suspensa. Quando se deu conta do que se tratava, pôs-se a esbugalhar os olhos, com sintoma de hipnose aguda. Segurava um retrato do mar.

O Baixo passou a carregar o retrato para onde quer que fosse. Bem aos poucos foi nascendo reflexão persistente. Uma ideia tomou de assalto seu pensamento. Era tal como coceira. Ia e vinha sem parar e cada vez que voltava aparecia com mais sustância. Passou a andar arqueado com o peso da perturbação. E num dia, muito de repente, postou-se em paralisia, inerte como tronco enraizado. Sacou o retrato, posicionou-o à sua vista e, sem aviso do que ia fazer, deu um grito de criar eco, ecos e mais ecos, esvaziando todo o ar que tinha guardado nos pulmões. “Eu não fico mais aqui.” “É na direção do mar que eu quero ir”. Partiu com urgência, sem fazer aceno de despedida.

O Alto não demonstrou reação de se ter abalado. Resignou-se com a imposição do destino, exibindo indiferença que quase esbarrava na altivez. Logo pensou que, se antes eram dois e agora era um, mais comida haveria de sobrar. Deu de ombros e se voltou ao que lhe era rotineiro.

Mas o homem é bicho de não ser só.

Depois que o tempo se arrastou, dando mostras de que a coisa mudou, o Alto se aborreceu de só ter sua consciência para prosear. Pior é que já não havia quem escutasse sua reclamação do calor. Não tinha paz para dormir, tamanha era a aflição de abandonar o corpo desacordado em redor deserto. Nem mais se deleitava com seu prazer de matar sede com água de moringa. Perdia a fome. Sim, tinha desinteresse de comer sua parte da comida e a outra parte que também lhe cabia porque sobrava. Tornou-se dono de tristeza esquisita, e sabia bem a razão. Com o sacrifício dos joelhos, tombou no chão de terra batida e começou a espirrar lágrimas em profusão. Chorou feito criança pirracenta, porque a solidão é coisa que não se aguenta sem chorar.

Enquanto isso, lá pelas bandas do litoral, o Baixo era pessoa transformada e já flertava com o deslumbramento. Conhecia gente, sorvia do coco as delícias da água adocicada, saboreava carne de peixe e salgava-se em banhos demorados.

Mas o homem é bicho inquieto.

Caminhando pela praia, o Baixo desequilibrou-se, tropeçou e caiu de um jeito que foi natural a risada se espalhar. Com o rubor da humilhação, levantou depressa, e olhando para a areia bradou com irritação: “mas que malícia é essa de afundar meus pés? Lá de onde eu vim, tinha a confiança de pisar firme no chão, sem o cuidado de evitar o infortúnio de cair.” E depois disso, o Baixo começou a exercitar a comparação. De um lado a areia mole e de cor aguada, do outro a terra dura e de cor marrom-forte, quase avermelhada. Daí se vê que o Baixo ia pelo caminho de cultivar recordação do seu ponto de origem, e é sabido que amontoar lembrança é querer chamar a saudade, que quando chega sabe muito bem marcar presença. É o que dizem por aí: o mar causa enjoo, e o Baixo enjoou do mar.

O sol já se punha, porque até quem tem poder de mando merece descansar. No horizonte pintado de cor-de-abóbora, o Alto avistou a figura do Baixo se aproximar. Os dois correram um contra o outro e se abraçaram com aperto forte, e foi tão forte que rolaram no chão, levantando nuvem de poeira. Aquilo foi de dar nó em garganta de calango curioso. Tudo voltou ao tempo de antigamente.

Mas o homem é bicho rancoroso.
Dizer que tudo voltou ao tempo de antigamente é querer dar conclusão rasa a questão profunda. O Alto tinha no seu íntimo algo desarrumado, reclamando ajuste premente. Memórias sobre a desgraceira do desamparo eram como filme de reprodução repetida. Uma voz interior atiçava com injúria irritante: “tonto, frouxo e paspalhão”. Essa mesma voz, teimosa que era, passou a cobrar postura de revide. Por aí é que a inteligência do Alto forjou julgamento fundado no preceito de que cada qual tenha que dar paga pelo mal que causou. A sentença estava pronta e acabada. O Alto partiu sem rumo e sem previsão de parada. Deixou para trás o Baixo, que estava condenado a experimentar a mesma dor da solidão que um dia provocou.

O Alto seguiu caminho com passo acelerado, chutando pedra atrevida que parasse à sua frente. E desse modo percorreu trilha alongada, até quando uma segunda voz anunciou advertência: “se o Baixo inaugurava solidão, por causa de condenação, o Alto já ia para a sua segunda vez, e por causa de orgulho ou ausência de perdão.” Então, começou a andar em marcha diminuída. De resoluto passou a vacilante. Agora já quase nem andava. Braços jogados para trás em entrelace nas costas e olhar fixo nos rasgos do terreno. Por ali se viu em grande dilema que precisava solucionar. Parou, fazendo menção de se virar.

Porque o homem sempre será bicho de não ser só. 



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A Cadeira 41

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- nada pra ler!! - resmungava o velho e bom faxineiro do bar enquanto arrumava a bagunça do ambiente depois de outra madrugada de sexta-feira - assim não dá!! - percebia que sua irritação não era só pelo salário carcomido pela pensão alimentícia ou pelo trabalho 'insalubre' que vez ou outra deixava-o em crise de depressão. - tenho que dar um jeito nessa joça!! - sabia, por mestria na profissão, que a inércia das coisas implorava agoniada por uma ação rápida e precisa porque ali, mais que um local de trabalho, é que resumia sua vida.

naquele instante, ao passar o úmido pano sobre o balcão notou que, sob o cinzeiro ainda repleto de cinzas de Free extra longo, extra fino e extra tudo havia um bilhete destinado ao patrão. e ele, ignorante e ingênuo e intruso, leu.

"Adeus chefia, isso aqui tá uma merda!!

Ass. O Zelador"

-eu avisei!!- pensou alto, enquanto limpava o cinzeiro e amassava o bilhete. -mas ninguém me escuta!!- protestou esmurrando o pote de ketchup cujo jato do vermelho molho foi pintar o retrato do pai e da mãe do dono do lugar.

e esse ato impensado brotado (sic) de um misto de fúria e indignação é que despertou nele uma espécie de luz. viu na sujeira que ele mesmo fez e que ele mesmo limparia o sonhado teorema. tal qual arquimedes, (só não nu, porque aí seria forçar a barra, mas pensando bem, por que não? faxineiro é meu e ninguém tasca) tirou o chinelo, o macacão e a cueca e saiu correndo.

-eureka! eureka! eureka!

pobre sujeito, o rio de janeiro não é na grécia, não era amigo do rei e muito menos da polícia. foi condenado por atentado ao pudor, mas teve sua pena trocada por serviço comunitário. desde então vem fazendo faxina na sede da abl três vezes por semana, onde aproveita para ensinar seu teorema aos 'cadeirantes'.

A BRECHA

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Tanto tempo sem escrever
Tudo por fazer
Me preocupa a falta criativa
Ou seria a sobra com falta de tentativa
Tanto trabalho à prescrever
Me subestima sua tentativa
Ou seria a falta do que fazer
Para fazer faltar minha sobra criativa
Soberba militância a sua
Só não arquitetava o que acontecia
Enquanto pairava no ar a falta criativa
A cabeça cheia de sobras esperava a tentativa
Finalmente me deu a brecha
Agora pairam no papel as sobras criativas
Falhou sua tentativa
Findou, por não arquitetar o que acontecia
Não volto plenamente, pois há trabalho à prescrever
Quase tudo por fazer
Porém, já não me preocupa a falta criativa
Sei que são sobras esperando a tentativa
Dê brecha para você vê

ALDRAVIAS DE MAR

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I.

mergulho
no
mar
para
enfim
descansar

II.

fui
declamar
meus
versos
a
Iemanjá

***

FLORES EM VASOS DE MOLOTOV

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UM POEMA COMO CARNE NO AÇOUGUE
NA VITRINE DA LOJA
UM POEMA EM POSIÇÃO DE DESTAQUE
FEITO ESTANTE LUSTROSA
NUMA PILHA DE NERVOS
SEM DEDOS NEM PROSA

UM POEMA OLHANDO O CAOS, LÁ DE CIMA
NUMA FALTA DE ESCOLHA
COM VISÕES DE ESTOURAR A RETINA
FEITO PLÁSTICO-BOLHA
FADADO À SUA PRÓPRIA SINA
AO VENTO, COMO UMA FOLHA

UM POEMA FEITO LUTA PERDIDA
NUM CAMPO MINADO
TANTA COISA INFRINGIDA,
QUASE NADA CONSIDERADO

UM POEMA COMO FLORES
EM VASOS DE MOLOTOV

COMO O HOMEM NO ESPAÇO
O RECESSO
O CANSAÇO
O AVESSO
O FRACASSO
O EXCESSO
O ESCASSO.

Melancolia Mortífera

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                 Uma historia difusa, confusa, um tanto alusiva e imprudente, cheia de parafasias, muito contingente... escrita em meados de maio/abril, tempo em que muito pouco se sabia sobre o que acontecia, e muito menos sobre o que aconteceria. Tempo em que a filosofia era fraca e as meras poesias eram horizontes utópicos, ilusórios, inatingíveis, inalcansaveis, ou não. historia perfazida em outubro.
                Na soma das contas de ambos os lados, cada um chega a um pensamento concludente cabível, desmedido, negativo, diferente ou não. Mas aos que muito sabem, restara uma conclusão mais perto do real acontecido , talvez algo como "uma verdadeira tragédia". Porém só mesmo o ator principal dessa obra sabe de verdade o que aconteceu.

A insegurança consome o homem sem fé.
                                              


                                   

                Melancolia Mortífera
                                                 
                    Inspirado nos contos de Edgar Allan Poe

A razão é por amor, é por não conseguir mais perdurar uma vida, por exaustão da angustia do medo e do sofrimento.

                Sob o parapeito da janela paira uma tênue mariposa megera, e com o peito sobrecaido sob o mesmo parapeito um corpo embriagado e quase já inoperante, a observar num olhar longínquo a linha do horizonte, tão distante. Ansiando pelo deleite de ver o sol no expoente nascer, trajando nos olhos as olheiras esculpidas pela insônia e pelo choro quase incessante, choro que durante dias dançou suas lagrimas tristes da alma a saudade eterna que é o sentimento inquietante que atormenta infindo seu coração, ao remexer das lembranças escritas na memória.
                Haviam se passado dias após a morte de sua amada e embora não tivesse pronunciado nenhuma palavra sequer a ninguém, também porque ninguém quis escuta-lo, seu semblante taciturno dizia tudo, lastimava sua falta, pois fora ela a razão de sua vida, fora ela que o salvou da solidão, ela que agora deixava-o para sempre de onde o tirou. Ao decorrer, dias de tempestades, grandes nevoeiros e fortes ventos haviam saturado de medo e de fome o pobre homem, inconformado, sentia-se sozinho em seu amor por vezes demasiado outrora efêmero
                 Na noite passada o pipocar tormentoso no seu telhado e a cabeça fadigada estarrece e pode repousar algumas horas sob o alivio do barulho da chuva. são nessas poucas e duradouras horas interferiveis senão apenas pelo despertar pavoroso,  que tem um sonho, o mesmo sonho pesado de outras vezes, sonho em que acordado desfruta ter tudo que se quer ao seu lado, de repente num momento inesperado, tudo se desmancha, se destrói, se desfaz, acorda suado, vê-se acorrentado por galhos de um grande arbusto de onde emergem milhares de pássaros negros a voar, que o fazem acordar num susto, dessa vez na realidade de dentro de seu quarto escuro.
                O quarto reproduz um cenário sombrio e de tristeza, no qual rodeado de mobílias antiguadas pelo descuido, livros caídos da estante e um quadro de um pintor surrealista mal pendurado na parede deixa o ambiente com um tom mais sombrio e velharesco. Lá fora o cachorro morre de fome .
                O café frio acolhe as moscas numa curiosidade mortífera, as bitucas no cinzeiro viraram cinzas e mofaram no amargo tempo de solidão em que já não se alimenta direito e nem sente vontade de fazer nada além do que ficar ali naufrago, perdido no tempo, trancado no quarto em estado profundo de depressão, olhando o constante vai vem dos carros e o pendulo do velho relógio na parede oscilando o tic tac; a espera do que lhe foi programado no final, A Morte.
                 Uma voz silenciosa e fria, se aloja cada vez mais em sua cabeça ,fixando a ideia de um caminho a seguir, tornando todas as outras estradas impercorriveis, atropelando os sonhos, despedaçando-os, transformando-os em poeira que o vento se encarregara de levar para longe logo depois, querendo ou não construindo uma muralha cada vez mais impenetrável na sua oposição á vida. Estava vivendo do lado de fora do castelo que um dia tanto sonhou e vendo ele se desmoronar diante seus olhos, sem ao menos poder fazer algo.
                Lhe restara apenas a solidão de um amor, e o ganho de algumas garrafas de wiske e maços de cigarros como consolação pelo mal ocorrido, além de preciosos minutos de vida recheados das mais doces amargas recordações, os pensamentos descordenados voando em sua cabeça deixando-o de certa forma inebriado, absorto, pois do trago foi a deriva, bebeu tanto quanto não devia, fumou até ofegar, guardando o ultimo cigarro para o momento esperado.
                O cachorro lá fora uiva anunciando a chegada hora esperada, o sol estronda o céu com suas cores fulgidas e gritantes e ao mesmo tempo cálidas, e aquela voz que antes o chamava silenciosamente agora ecoa cada vez mais alta pensamentos mortíferos em sua cabeça, sofre o incidiu desejo derradeiro da voz que contamina totalmente seu espirito de assombro e terror. Se dirige com passos arrastados na direção da estante do quarto de onde em meio a livros emaranhados, abre um recipiente  empoeirado, parecido com um baú, de onde tira um frasco de veneno, e volta a se sentar próximo a janela com o frasco na mão, pega o cálice de wiske e despeja o liquido do frasco de cor roxa dentro do cálice, a junção das substâncias torna-se mortal, então bebe daquele cálice como se beijasse a morte, acende o cigarro que esperou, o efeito é quase instantâneo, em segundos o dia amanhece, contemplação e terror, projeta-se uma sombra por trás dele, senti sua  visão embaçar e escurecer sofre uma midríase (dilatação das pupilas) apesar da forte luminosidade do sol impregnando e cobrindo com seus raios de luz cada pequeno espaço do seu quarto e aquecer seu corpo e alma melancólica, deduz ser seu fim, fecha os olhos e senti sua alma escorregar para os braços da morte.

O mundo parou/descontinuou ao silencioso triunfar da morte.



- Joel Lavino



Gênesis do Meu Mundo

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O céu tingido de negro
é a obra-prima
D'algum deus sóbrio
Que só dispunha
D'uma tinta.
As outras, extintas,
Um deus bêbado derramou

André Espínola

(Poesia presente no Ebook "Apenas Cinco Minutos")

Pedantrix

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Tudo o que sei,
somente eu sei,
que tudo sei.

Assitindo TV, ouvindo rádio...

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Caros amigos, se propaganda eleitoral gratuita fosse algo realmente bom, ouviríamos frases do tipo:

Hoje não posso perder o último dia da propaganda. Estou contando os minutos...” ou

Vamos fazer aquela jantinha lá em casa, após o jantar tomamos umas cervejas e assistimos ao horário político, para fechar a noite com chave de ouro!”. Ou até, pessoas desligariam o seu celular na hora da propaganda política, para não serem importunadas durante a transmissão; aumentariam o volume do rádio do carro, na volta do trabalho, como se aquilo fosse uma final de Libertadores.

Se o tema política realmente atraísse tanto assim o interesse da multidão, canais a cabo como “TV Senado” ou “TV Câmara” teriam uma audiência igual ou superior a canais como a Fox ou a Warner. Há quem diga: ‘mas o povo deveria assistir. Saber o que eles fazem lá’. Bem, meus parabéns para quem assiste, afinal, nem os próprios eleitos comparecem regularmente às sessões nem da câmara, nem do senado. Será que até eles, que ganham pra isso, acham tudo uma tremenda chatice?

Outra entre as top preferências nacionais vai para a ‘Voz do Brasil’. Certamente com dezenas de milhões de curtidas no Facebook, este programa de rádio obrigatório é mais um estrondoso sucesso nacional. Instituído na época de Getúlio Vargas, o programa segue com o mesmíssimo padrão de quando começou, ou seja, o padrão dos anos 30. Até o jeito de falar de seus locutores parece dessa época; creio ser esta uma das fórmulas de seu sucesso.

Na TV, há também aqueles que vão morrer fazendo a mesma coisa, sem nada diferente a acrescentar: o mesmo bordão, a mesma piada infame, a mesma deselegância em interromper as pessoas... e ainda assim um sucesso absoluto nas tardes de domingo há, quanto mesmo, 26 anos? Aqui vai o meu muito obrigado a você, Faustão, e a sua grande mentora, a mesma que mantém este seu programa maravilhoso no ar: a insuperável, majestosa, zilionária, Rede Globo. Obrigado a vocês por deixarem tão vibrantes nossas tardes de domingo!

Com certeza eu poderia continuar citando uma pá de programas. Mas, como não sou crítico especializado, apenas mais um simplório brasileiro, deixo assim mesmo, do tamanho que está. Até onde eu sei, na Internet podemos postar, publicar ou blogar o que bem entendermos. Ah, e também podemos assistir e ouvir APENAS o que nos interessa. Ainda bem!

Convidado Marlon Vilhena

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ORA, MERDA

as formigas se enfileiram, seguem-se pela rachadura na calçada.
o pé grande com tênis de R$ 139,90 decreta o fim pelo alto.
um defunto diz valei-me, deus, que o demônio quer comer meu rabo,
começando pelo culhão.
deus esvazia o cinzeiro e com voz de ressaca pelos ventos ressoa
que se foda, arranja-te sozinho praí que eu tenho mais o que fazer.
as formigas fogem, desembestam, esmigalham-se.
uma barriga sente fome, um avião despenca.
um estupro por excelência nos Andes.
um vômito por excrescência em Istambul.
o defunto levanta um cotoco viril da terra,
deus assoa o nariz e vai buscar aspirina na prateleira.
ora, merda.
porque sim.



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Marlon Vilhena - é natural de Macapá-AP e escreve há muito tempo. Depois de viver em Minas Gerais e São Paulo, de ter trabalhado como garçom e professor, e também de ter feito biscates como segurança e músico, formou-se químico e atualmente mora em Belém-PA.


Sabor lilás

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                                          Um sabor lilás
                                          Na boca da madrugada
                                          Bala açucarada
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